Princesas Não Existem

Quando era pequena conheci os contos de fadas.
Aprendi tudo sobre as lindas princesas, seus castelos e príncipes.
Quando cresci, levei um choque muito grande com a realidade do mundo.
Nem todas somos princesas. Princesas são lindas, magras, altas e loiras.
A realidade é bem diferente.
O padrão da princesa é difícil de alcançar. Impossível, eu diria, mas mesmo assim todo mundo que não está na embalagem de princesa não serve.
Quando você não está no envólucro perfeito você não é ninguém. 
Ninguém te olha, é como se fosse invisível. 
Sim, estou falando, principalmente do ponto de vista amoroso.
Meninas crescem com o ideal de príncipe e princesa na cabeça, mas quando chega a hora de concretizar o conto de fadas, a realidade esmaga.
Se você não for uma princesa, aparentemente falando, você não vai ter nada nem ninguém. 
Príncipes não querem princesas gordas nem de cabelo crespo. Pode até ser que o príncipe nem seja o cara do filme de natal, mas mesmo assim a princesa dele tem que ser a da TV.
Agora, só para serem bonzinhos, eles estão aceitando princesas mais ousadas, já que agora os novos padrões são Anitta e Beyoncé, então as princesas podem ter atributos mais avantajados, mas ainda assim esse padrão não é de todas e, novamente, se você não se encaixar não terá nada. 
Tem até uma Marília Mendonça da vida que é fora do padrão e conseguiu seu príncipe, mas isso é porque ela é rica e famosa.
Nós, meras mortais não temos as mesmas chances. 
Se a música dela fosse minha seria "quem eu quero não me quer." Ponto. Acabaria aí, porque a parte do "quem me quer não vou querer" não existe pra alguém como eu.
Às vezes até tenho um rompante de autoconfiança e me acho linda, mas é só entrar em um ambiente social e olhar em volta que a realidade volta e me soca bem na cara. 
Isso não é pra você.
Não é vitimização. É a realidade. 
O sofrimento acontece, porque de um jeito ou de outro sempre há, no fundinho, a esperança de que "dessa vez vai ser diferente, alguém nesse mundo enorme vai gostar de mim assim", mas não vai. 
"A aceitação é o primeiro passo pra cura", mas num mundo onde o amor tá aí o tempo todo fica difícil esquecer da solidão. 
É solitário. É muito solitário e é triste.
Eu costumava falar que eu não era solitária, falava que gostava de ficar sozinha e não é mentira.
Adoro ficar sozinha em casa, tranquila, lendo um livro, mas chega uma hora que ficar tão sozinha fez de mim uma solitária. Sentir solidão é desesperador.
Mesmo que tenha um amigo do seu lado, não ajuda, a solidão gera ansiedade e a ansiedade te corrói. 
A solidão é cruel e te deixa paranoica. 
Comecei a sentir falta de afeto também.
Carinho faz falta. Acho que a última vez que me abraçaram de verdade, com sentimento, faz uns 8 ou 9 anos quando eu estava no colégio.
E chega a fase em que a solidão dói.
Tem doido bastante. 
Chaga a vontade de chorar e depois vem a conformidade. 
Você se conforma, mas é passageiro, porque logo mais começa a doer e você fica agoniado. 
A ansiedade é a pior parte da solidão.
E tudo isso porque você não está no padrão de beleza das princesas que te fizeram tão feliz em algum momento da vida. 
Não tá tudo bem. E não precisa estar. A dor precisa ser sentida.
Mas como lidar quando dói demais? 
Sei que nunca vou ser o ideal de mulher desejável, mas precisa ser tão difícil? 
Sempre fui uma boa menina, boa filha, boa amiga, boa aluna. O que me falta é beleza física. Será só por isso o sofrimento é merecido?
Dizem que nossos destinos são selados ao nascermos, então há pessoas que nasceram pra serem felizes e outras não. Pessoas que nasceram pra serem amadas e outras não.
Honestamente hoje não sou feliz em nada. Nem no trabalho nem na vida pessoal.
Hoje não tenho nenhuma bóia pra me salvar, só estou me afogando.
Tenho 27 anos. O mais perto que cheguei de um garoto foi quando algumas "amigas" organizaram um jogo de beijo para que eu conseguisse beijar um cara de quem eu estava a fim, pois de outra forma ele jamais se aproximaria de mim, palavras dele.
Mas não é porque eu nunca fui amada que eu nunca amei. 
Há um tipo de amor, o tipo mais cruel, aquele que quase mata suas vítimas e ele se chama "amor não correspondido" e eu sou especialista nele.
A maioria da histórias de amor são por pessoas que se apaixonam umas pelas outras, mas e o restante de nós? E as nossas histórias? Nós que nos apaixonamos sozinhos, somos vítimas de uma relação de mão única, somos a maldição dos apaixonados. Somos os não amados que caminham feridos , os deficientes sem direito a uma vaga exclusiva.
Amamos por livre e espontânea vontade...
E essa é a pior época de nossas vidas. A época em que estou agora. 
Estou caidinha por um cara lindo. Lindo, moreno, não tão alto (mas mais alto que eu), cabelo perfeito (um black power impecável) e, é claro, areia demais pro meu velho caminhãozinho... No começo eu até achei que fosse recíproco, mas, obviamente, mais uma ilusão escancarada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colecionando Momentos - That Awkward Moment

Colecionando Momentos - PRETTY LITTLE LIARS - Spencer e Caleb

Colecionando Momentos - Simplesmente Acontece